segunda-feira, 21 de março de 2016

O desafio da lua



O desafio da Lua 


Um destes dias era manhã de Janeiro, a Lua parecia apaixonada pelo Sol. Ao longe o Sol ainda mal se observava, parecia querer dormir, embora os raios de luz do romper do dia já se vislumbrassem. A Lua, essa, parecia parada, embora caminhando para o mar ainda nocturno, teimava provocar o Sol, como se dissesse acorda meu preguiçoso e vem-me acompanhar para olharmos o mar imenso que ainda vive na escuridão.

Enquanto isso, o Sol ia-se erguendo por detrás da montanha entreabrindo os olhos, lançando faíscas rubras e luminosas entre as nuvens, para ir ao encontro da Lua.

A Lua arrebatava o coração do Sol, mesmo quando anoitecia. O Sol escondia-se como se estivesse enamorado com a Lua. Rubro e ardente desaparecia como se tivesse marcado encontro escondido com a Lua, como dois adultos que se lampejam em beijos escaldantes, rubros, enroscando-se, esquecendo-se do antes e do depois.

Corria freneticamente da serra para o mar ao encontro da sua namorada. Ruborizado, embora tímido lá andava ele angustiado porque a Lua ora era cheia, ora nova, ora crescente, ora em minguante, enganava-o a todo o momento. Desafiava-o. O Sol nesses momentos embrutecia, lançava-lhe chamas de amor, para que ela se quedasse junto a ele para que os dois pudessem passear pelo Mundo.




 Cidália Rodrigues



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