quinta-feira, 10 de novembro de 2016

A árvore transformada



A Árvore transformada

Sou uma árvore que vive num lugar privilegiado a que chamam pátio de recreio de uma escola. Sou uma árvore de Outono, Inverno, Primavera e Verão. Tenho uma copa ovalada e um tronco pouco desenvolvido. No entanto, sou a que estou mais perto das crianças quando vem à escola e por isso sinto-me feliz porque vivo rodeada de alegria.
A escola fica numa vila onde há casas grandes e pequenas, há quintais, quintas, moradias, há ainda casas com muitos andares a que chamam apartamentos, há uma igreja e uma capela, uma escola grande e uma pequena. Eu acabei por ficar na escola pequena.
Nos quintais, vejo as outras árvores que são maiores do que eu. Sei que ao lado dos quintais há um pátio onde cantam os galos pela manhã, ao meio-dia e ao fim de tarde.
Nas casas com muitos andares, não há árvores como eu, é tudo de cimento, as pessoas mal se conhecem, saem de casa muito cedo e regressam ao fim do dia e mal se vêem uns aos outros. Nas casas mais pequenas, há pessoas com várias idades, umas já bem adultas e sem filhos, outras têm crianças e nas outras há velhinhos.
A minha vida é uma aventura.
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Estou no Outono, as minhas folhas, ainda verdes algumas, outras amareladas da cor do ouro. Vesti-me com roupa mais majestosa para receber as alegres crianças que regressam à escola, fazendo-lhes as honras da casa. Vejo-as pular, rir e saltar e às vezes choramingar. Como é bom vê-las crescer!
Durante o Verão, senti muitas saudades de as ver perto de mim. De dia, via passar gentes apressadas sem que me olhassem. Passavam velozmente dentro dos seus carros em alta velocidade, mal se apercebendo que eu estava ali para as olhar. Tinham colocado uma passadeira mais alta com traços brancos para as obrigar a parar. Uns abrandavam a marcha outros só quando estavam perto do obstáculo é que travavam, assustando-me.
No Verão, passava o dia a apanhar sol, a receber energia para fortificar o meu tronco e os meus ramos cheios de folhas. Não sou árvore de frutos nem flores, mas uma árvore que fornece muito oxigénio para dar vida à vida. Absorvo o dióxido de carbono, e alimento-me de reservas de água que mantenho nas minhas raízes e ainda sais minerais. Estava ali naquele pátio de recreio um pouco abandonada.
À noite, olhava a estrelas e a lua, quando esta aparecia, via as nuvens de um lado para outro que corriam, ora aceleradas ora caminhando mais lentamente. Por vezes, sentia-me triste por não ter companhia. Do outro lado do pátio, havia outras árvores mais velhas, que às vezes se lembravam e começavam a contar histórias que sabiam e eu punha-me a escutá-las. Mas quando o ruído era muito mal as conseguia ouvir e ficava no meu silêncio até que adormecia.
A terra às vezes tremia e eu acordava estremunhada e abanava-me e voltava a dormir. Às vezes sonhava. Um dia sonhei: vi o menino Jeremias que brincava com um arco a fazer malabarismos, levantava o arco ao ar com ajuda de um pau, voltava a pôr o arco no chão e corria atrás dele ou com o pau na mão. Via também o gato Zacarias que se escondia na minha copa à caça de um rato que passava. Acordava e não via nada, voltava de novo a dormir e o sonho voltava a surgir; via a Rosinha com a cara bem gordinha. No cabelo usava um laço, atirava a língua fora a fazer caretas a quem passava.
E de repente acordava e nada se passava. Olhava as estrelas que brilhavam para mim, toda eu era prata e minhas folhas aveludadas reluziam. Logo, logo era manhã e ninguém me olhava, apenas ficava a noite bem passada. Assim, acordava contente com sonhos que tinha; a boa disposição renascia para enfrentar o novo dia.
Como estava sozinha, punha-me a pensar e logo me lembrava das histórias que ouvira, contadas pelas minhas amigas que viviam no pátio do recreio vizinho. Falavam do rei lavrador, do conquistador e do navegador, do comandante da caravela, que se aventurara à procura do país da canela, trazia muito ouro, chá, pimenta, escravos para trocar e belas moças para amar. A casa do rei enchia-se com maravilhas que das Índias traziam.
O sol aparecia, as minhas gotículas de orvalho secavam e eu continuava a dar vida à vida. Tudo purificava, sem ninguém me dizer nada.
Se havia fumo eu limpava, tudo purificava, sem ninguém me dizer nada.
Durante o dia, era tudo monótono, só a noite me ajudava. Era a luz que se acendia e mais ao longe a lua sorria.
No reflexo de luz e sombra que surgiam nas minhas folhas, Deus transformava-me, fazia-me ser coisas diferentes, transformava-me em cão de guarda, em gato brincalhão que desafia o seu dono para a brincadeira.
Sentia-me afamada, por ser bafejada pela pureza divina.

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No Verão, sentia-me ansiosa pela chegada do Outono que era mais fresquinho. Mas o medo do fogo atrapalhava a minha vida. Ficava com menos água e as outras árvores que viviam abandonadas pelos homens também ficavam mais ressequidas, porque não cuidavam delas como deveria ser.
Os vidros partidos, o lixo espalhado pelos matos fora, eram um perigo para serem engolidos pelo fogo atrevido. Este levava tudo, queimava as árvores, queimava a vida, pondo tudo em perigo. E eu lembrava-me das pobres crianças que vieram à vida, respirando o sujo e doentio.

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Quando as nuvens chegavam e se abriam, lavava-me para tirar a poeira que havia na minha copa. Como o banho era demorado, ficavam ali paradas a contar o que se passava pelo mundo fora. Eu ficava calada, para não sufocar. Falavam-me da natureza, dos homens e das suas desventuras, que cortavam árvores de segunda à sexta-feira e não viviam cansados de tanta malfeitoria.
As nuvens ficavam tristes e por isso se enchiam de água e de gelo e de vez em quando eclodiam umas contra as outras e faziam a trovoada (o que me assustava, porque poderia vir um raio e partir-me de alto a baixo). Depois, abriam-se em chuvas torrenciais para mostrarem aos homens o seu poder destruidor, para os fazer pensar no mal que vêm fazendo, destruindo tanta beleza, apenas por quererem destruir sem proteger.
Os homens não pensavam cuidar da natureza. Exterminavam as árvores para ganharem muito dinheiro, que levavam para outros países muito longínquos. Queriam acabar com as pessoas que queriam cuidar da natureza. Por isso os oceanos cresciam e subiam, acabando por destruir as casas à beira-mar e as pessoas que lá moravam.
Mesmo assim, o homem não queria pensar. Apenas queria amontoar ouro e mais martirizar quem nada tinha.
Tomado o banho, as nuvens ficavam mais leves e seguiam o seu caminho. Eu ficava pensativa, fazia os meus juízos de valor e questionava-me:
- E as crianças?!
Os homens que, também foram crianças, aprenderam tanto e nada lhe ficara para encontrar soluções, de modo a construir um novo mundo, sem causarem mais estragos. Ficava desolada e ali parada, olhava para quem passava, e de repente chorava. Pobre mundo, pobres crianças que nascestes sem ser desejadas, e aí estais para serdes sacrificadas, sem ar puro, sem verdes prados, sem nada!

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Na escola as crianças aprendiam as novas lições.
Brevemente perderei as minhas folhas e chegará o Natal. Até lá as crianças fazer-me-ão companhia durante o dia e à noite fitarei os olhos no céu e irei ao encontro de uma estrela que me iluminará até a aurora voltar. Verei o nascer do sol se ele aparecer, verei as nuvens se elas me aparecerem e ouvirei os pássaros que me quiserem cantar. E, quando for Natal mesmo já despida, serei iluminada para não ser esquecida.
As outras árvores serão de Natal em casa de gente humilde; serão tronco apodrecido na lareira em chama viva, para aquecer o Menino; serão cenário natalício em casas luxuosas, rodeadas de presentes distribuídos como sinais de afecto, que entretanto serão esquecidos. Haverá também árvores muito iluminadas que enfeitarão as ruas das cidades, que só serão admiradas na época natalícia. E eu apenas serei a árvore esquecida que viverei no pátio de recreio onde passam meninas e meninos.
Vivo ao frio em pleno Inverno, não fico triste por não ter que vestir. Os meus braços estarão nus, mas estarão protegidos para poderem suportar a chuva intensa, o vento tenebroso, o granizo gelado. Sou filha do tempo, seja ele agreste ou calmo, sou resistente e por isso aguento, para poder dar ao mundo um pouco de ar puro. Sou árvore de pequeno porte. Por isso, vivo no pátio de recreio, tenho o consolo de ser a primeira a ser vista logo à dianteira.
Tenho os meus braços abertos sem qualquer maldade, para dar vida à vida sem qualquer entrave. Serei um dia velha, sem qualquer reserva. Serei génio de luz quando chegar à fogueira, para aquecer a vida de quem está à lareira, por terem tido uma vida de longa canseira.
Os meses de Inverno serão longos, mas não me entristece muito, porque necessito de água para me alimentar. Sei que me tornei uma árvore feia, despida, sem qualquer folha, sem qualquer perfume; sou apenas uma árvore sem qualquer tipo de beleza, lembrando muito a pobreza. No entanto, continuarei a ter nobreza, por ser distinguida entre as demais. Mesmo assim tenho vida e continuo a abraçar as crianças do pátio de recreio da escola onde vivo.
Há sempre alguém que me admira. Há sempre uns olhos despertos que me olham, que me pintam, que me desenham e cercam. Farei sempre parte de uma história, seja ela grande ou pequena; serei a história de uma pequena árvore das quatro estações, Primavera, Verão, Outono e Inverno. Não tenho nenhum nome da moda, mas sou uma árvore que escuto o vento, ouço as nuvens, vejo o sol, vejo quem passa na rua, não estou presa a coisa alguma. Um dia serei carvão numa lareira de alguém sem beira, serei queimada ao serão numa noite fria de inverno e, enquanto crepitar, aquecerei o lar mais modesto onde pude entrar.
Por isso, embelezei a escola mais pequena. Era essa que necessitava de ser enfeitada, porque nela passavam os olhos mais puros que por ali moravam.
Sentia-me agradecida por ter crescido naquele lugar, ainda com crianças para me adorarem. Talvez um dia aquele pátio de recreio deixe de existir porque deixará de haver crianças para ali poderem sorrir ou então as levarão para a escola grande onde crescerão entre os maiores.
Este espaço onde fui feliz, será colocado ao abandono, será palco de um museu ou habitação para os sem-abrigo.

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Durante o Inverno, gostava de observar o nascer do sol. Por isso, fazia os possíveis para estar bem desperta para o ver aparecer no horizonte. Focava-me na sua trajectória aparente, que fazia ao longo do dia. Quando dava por mim, já era pôr-do-sol. Parava para pensar na curva que o sol fazia entre o seu levantar e o seu deitar e dava comigo a descrever um meio círculo. Ficava espantada com aquela descoberta e dizia para mim: como é linda a Natureza! Depois, lembrava-me dos dias de Verão que eram maiores e relembrava o local onde o sol aparecia quando começava a iluminar o mundo. E, quando se escondia para iluminar a outra parte da terra, aí eu observava a linha que o sol descrevia e verificava que formava meia elipse. A elipse era uma linha mais alongada que o círculo, o raio que descrevia num determinado ponto era superior à linha que via no Inverno. E descobria que, ao meio-dia, não tinha sombra. Nessa hora, o ponto maior da elipse estava sobre mim. Nesse momento, o meu espanto era bem maior. Como era possível o astro rei mostrar-se através duma linha não visível, para se fazer ver em várias partes do mundo, em função da sua latitude? Só poderia ser génio de Deus, esta maravilha que eu conseguia observar por estar sempre desperta, entre o romper da aurora e o sol-pôr. O sol aparecia-me sempre do leste, do lado da serra, e escondia-se no lado oeste junto do mar. Tudo me parecia maravilhoso e ao mesmo tempo confuso. E eu agradecia o lugar que tinham escolhido quando me plantaram, no local onde habito. Só assim se justificava a minha função de fotossíntese, recebia muito sol ao longo do dia, as minhas folhas por serem verdes transformavam o dióxido de carbono em oxigénio permitindo dar qualidade de vida a quem vivia perto de mim.
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O longo inverno passara.
 As nuvens continuavam. Lavavam-me e continuavam a contar histórias que viam por esse mundo fora.
Falaram-me de grandes banquetes, dos desperdícios que ali ficavam. Tudo era colocado ao abandono, para o mundo ficar mais sujo; as árvores não eram tantas assim que pudessem purificar toda aquela sujidade. Falavam-me ainda que em volta daqueles banquetes havia gente sempre apressada, vestiam de forma engalanada, bebiam à farta vinhos aveludados, pagos por muitos milhões. Levavam dinheiro encaixotado para ser exportado para países de areias brancas, que depois eram transportados sem pagarem qualquer portagem serem levados para outras paragens. Eu sem perceber nada. Porque faziam tal passagem?!. Mais árvores destruíam para notas fazerem e o mundo apodrecer.
Voltava a pensar: e as pobres crianças?
Outro dia passava, e mais um chuvada. E uma nuvem descia e baixinho dizia: Há velhinhos por aí, que vivem quase sozinhos; há gente que os despreza; não gostam do cheiro deles, nem da forma como vivem. Só que não se lembram de um dia serem velhinhos e ficarem também sozinhos, por não terem quem cuide deles.
Havia por aí destruidores, que pelo mundo corriam, corroíam tudo o que encontravam; havia gentes que cuidavam das árvores e das flores e não podiam fazer mais nada. Havia também por aí uma desonesta escravatura. Fomentavam a hipocrisia, criando ilusões; usavam a mentira para subir na vida. Faziam sermões em grandes gargalhadas, enganando quem passava, extorquiam-lhes a vida com exigências desastrosas e, depois, esqueciam-nos, deixavam-nos na miséria, sem condições para serem mais nada.
Eu aí ficava hirta de raiva. Como seria a vida sem crianças bem formadas? E punha-me a pensar na escola pequena, onde eu habitava: as crianças mais crescidas tinham sido levadas para a escola maior, para se socializarem com adultos e por aqui ficavam as mais pequenas.
Ficava desanimada, porque um dia iria ficar esquecida como se fosse ostracizada, e aí morreria sem crianças em meu redor.
 Em desespero dizia: ó crianças pequeninas não se esqueçam de mim um dia, porque vos fiz companhia, vos dei ar puro para viverem em alegres brincadeiras, dei-vos sombra e folhas coloridas que usavam nos vossos jogos. A vossa alegria era tanta que rodavam em minha volta, colavam-se ao meu tronco, aí ficavam agarradinhas, aí apaziguavam quando vos arreliavam.
O vento vinha e agitava-me e logo acordava.

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A qualquer momento será Primavera. Minhas folhas esverdeadas aparecerão novamente, cobrindo minhas hastes queimadas pelo frio de inverno que, entretanto, terá passado. As crianças bem atinadas ficarão admiradas de me verem renovada e gritarão de alegria:
- Já é Primavera, já é Primavera!
Minhas folhas viçosas e abrilhantadas pelo orvalho darão nova vida ao pátio do recreio e a acriançada maravilhada olhará para mim de olhar feliz e baterão palmas ao sol criador, erguendo os olhos ao céu redentor, pedindo ao mundo para que haja mais árvores em todo o mundo porque só assim a vida pode ser feliz.
O sol virá um pouco brincalhão querendo passar entre as nuvens, para me aquecer e dar mais força para eu crescer.
O meu dia chegará, mais uma árvore será plantada aos olhos de uma criança, para a vida purificar e as almas abrandarem. O ar será mais puro, mais leve, dando ao homem consciente o encanto duma vida plena, porque a terra não é só sua, mas de muitos, muitos milhões.

O perfume da Primavera será doce e bem cheiroso, cheirará a pinho, cheirará a flores, à noite mais odorosa; haverá o cheiro a eucalipto e a rosmaninho. Cantará o melro, a rola, a carriça, o pintassilgo, o rouxinol, haverá encanto a toda a hora até surgir a bela aurora.
De dia acriançada andará alegre, aos saltitos e à gargalhada, querendo o recreio da escola em vez da sala de aula.
E eu ali ao lado, sempre pronta para os ouvir, contarei as horas do dia com o sol a brilhar, sempre com uma intenção: uma sombra poder dar. Quando ao recreio vierem para me enlaçar, andarão à roda do meu tronco sempre a saltitar. Chegará o fim do dia, elas partirão e eu ficarei. Será noite.
Voltarei a olhar para o céu à espera das nuvens, para me trazerem novidades das terras grandes e longínquas. Virá também a lua para me iluminar e me dar brilho quando o orvalho me abeirar. O dia chegará com o sol quente e brilhante como os olhos de uma criança, que aguarda o futuro com esperança.
E, ainda na Primavera, minhas folhas irão sobressaindo, formando uma grande copa. Ficarei então revestida com uma coroa verde esmaltada e serei coroada de rainha primaveril.
As minhas primas vizinhas, que passaram o ano revestidas, não saberão o que é sofrer, passar o inverno rigoroso sem uma folha para brilhar numa noite de luar. Assim me distingo delas porque sou mais resistente, brilharei quando houver sol pela manhã e à noite quando houver luar.
Logo mais haverá mais calor, haverá cheiro a flores e a terra colorida das mais diversas tonalidades e eu terei novamente saudades das crianças aprendizes.






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Até chegar o Verão, andarei a ouvir as brincadeiras e a testemunhar as suas canseiras. Aí, já serei um pouco maior, meus ramos subirão mais alto, estarei mais perto do céu, ouvirei o vento norte e as ondas do mar. Saberei quando virá a chuva, para me manter lavadinha, perfumada e cobiçada. Serei mais engraçada, por me encontrar revestida. Terei graça de encanto, à noite, quando as estrelas chegarem. E se por acaso a lua espreitar, minhas folhas serão fortes e luzidias, dando aos olhos de quem passa uma breve ilusão que de ouro me tornei, por viver no pátio do recreio da escola onde cresceram crianças, que serão o futuro de uma nova criação.

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As crianças aprendizes vestirão roupa leve e colorida. E então de férias, brincarão até mais tarde, os dias serão mais claros e maiores; se comportarem bem, à noite e ao serão, contarão uma história dos seus dias de Verão aos seus pais e avós, ligados por um fio pela Internet, ou Facetou, num estado de solidão. No dia seguinte, ao acordarem ficarão desejosos de voltarem ao pátio do recreio da escola, onde irão jogar à bola, ali mesmo ao lado onde me encontrara, olhar-me-ão com saudades dos dias maravilhosos que passaram, no Verão, na Primavera, no Outono e no Inverno.
Um dia serão crescidos: doutores, engenheiros, advogados, agricultores, escultores, pintores, escritores, professores, artesãos, jardineiros, operários, amigos, pais e avós. Já sem identidade, não sabendo quem foi o pai ou a mãe, o avô e a avó, o amigo ou irmão, então aí reconhecerão que foi no seio da Natureza, onde o sol brilhou, onde o vento agitou, onde a chuva fez crescer as sementes, que pessoas de bem laçaram à terra, dando claridade às suas mentes, em homens que se fizeram, pessoas amadurecidas, esclarecidas, que se tornaram grandiosas, coerentes, afáveis e de bom senso.

Cidália Rodrigues

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