sábado, 21 de janeiro de 2017

Que sabemos nós de nós



Que sabemos nós de nós
Mal sabemos o nome
Que foi dado pelos nossos pais
Chamam-nos Beltrano e Sicrano
Temos um cérebro
Falamos
Que sabemos nós de nós
Se não conhecemos os nossos avós
Falamos, comemos, amamos
Que sabemos nós de nós
Olhos verdes, de avelã
Castanhos
Castanhos mais escuros
Enganos
Perdidos vivemos
Sem sabermos quem somos
Somos nós, nossos pais, nossos avós
Que sabemos nós de nós
Confusões, deambulações
Erramos
Que sabemos nós de nós
Se não conhecemos
Os caminhos por onde passamos
Erramos
Confusos, intrusos
Temos cérebros
De génios
Confusos, intrusos
Imaginamos
Soletramos
Amamos
Que sabemos nós de nós
Máscaras perfumadas
Beiços avermelhados
Inchados
Inacabados
Que sabemos nós de nós
Barcos que remam
No mar
Sem par
Distantes, emersos
Dispersos
Enfim,
Que sabemos nós de nós
A voz que nos chama
Que nos acorda
Da vida bamba
A voz nos chama
Nos puxa à razão
Dizendo que somos nós
Esse nós que nos chamam


Cidália Rodrigues

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