sábado, 21 de janeiro de 2017

Se a poesia ...



Se a poesia não me abeirasse
Os dias eram mais tristes, sem graça
Assim, agradeço ao rouxinol
Que fez dos meus dias, dias de sol
E fez vir à praça
Os poemas onde guardo minhas penas
Neste esconderijo
Em que redijo
Meus argumentos
Desenrolo o novelo
Do fio que me traz ligada
Ao mundo da simplicidade
Não é na cidade
Onde passo sem norte
Que procuro minha sorte
Apenas sou transeunte
Como outro qualquer
Onde sou incógnita
Cogito
Nas ruas onde transito
À procura de motivo
Para me sentir ser vivo
Agradeço às aves
Às paredes desertas
Às ervas soltas das janelas
Agradeço às estrelas
Às flores o seu perfume
Às nuvens, às árvores
Às folhas secas caídas no chão
A tudo o que preenche a minha solidão
Agradeço ao cão vadio
Que me ladra
Ao gato que vem ao parapeito da minha janela
E se pavoneia
Agradeço aos contrastes de luz e sombra
Que me fazem sonhar
E imaginar vidas vividas
Vidas reais
Assim, faço dos poemas o meu albergue
Para me manter alegre



Cidália Rodrigues



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