sábado, 30 de dezembro de 2017

A artesã



A criação

Julguei um dia ser artesã
Das artes do traço
O desembaraço
Das linhas
Nas palavras de tinta
Nas horas claras
Dos meus dias
Surgiram,
Sem pensar
Que viria a declamar
A bravura do alto mar
Sufoquei em lágrimas de pranto
Meu manto
Que me tapava.
Surgiu a hora
Numa tarde quando olhava
Pasmada
Dei comigo debruçada
Sobre as teclas
Da máquina
Os meus dedos dedilhavam
As letras combinadas
Silabadas
Jorravam
Sorri, de mim para mim
Disse: é a artesã.
Que saía do meu peito
Com jeito calmo, silencioso,
Bradava
Soletrava
A palavra.
Sentia-a.
Desde então,
Afinei-a,
Em desafio

Apareceu
.
A criação


Cidália Rodrigues

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