quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Mês vencido



Fevereiro está de partida
Mês vencido

Março virá

de braços abertos
Cobertos de flores
De múltiplas cores

Aromas suaves

Aves
Que cantam
Exprimindo seu espanto

Com encanto
Vão anunciando
A alegre Primavera


28/02/2018


Cidália Rodrigues



quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Laranjal

Laranjal,
Laranjal
Que brilha no meu quintal

Laranjas de cor do sol
são tantas as laranjas
que se enche o avental 

Laranjal,
Laranjal
Que brilha no meu quintal

Cidália Rodrigues

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Poema de Álvaro de Campos



Poema de Álvaro de Campos
(Antologia Poética de poemas escolhidos)


Às vezes tenho ideias felizes,
Ideias subitamente felizes, em ideias
E nas palavras em que naturalmente se despejam…

Depois de escrever, leio…
Porque escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu…

Seremos nós neste mundo apenas canetas de tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...

18/12/1937

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Grande é o dia



Grande é o dia,
Quando se sonha e se acorda,
O tempo que se passou e que se viveu.

Horas e horas viajando
Por terras, momentos onde a vida se espelhou.

Recordar os lugares por onde andei.
Nasceu o dia e já não sonho.

Grande é o dia
Quando se sonha e se acorda.
Viagens por onde o sonho me levou,


Sonhos,
Engano o meu quando acordei.



Cidália Rodrigues 


sábado, 3 de fevereiro de 2018

Longe de saber



A vida que vivi
Já não a vivo
Porque a vivi
Sentia, vivi-a
A vida que não vivo
Por viver
Porque vivo uma vida
Sem um sentido para a viver
A vida que se vive
Tem vida
Mas o sentido porque se vive
Está longe de se saber
Quando tudo se esquece
E se vive por viver


03/02/2018


Cidália Rodrigues

Soneto de Álvaro de Campos



Soneto de Álvaro de Campos



Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu percebo.

O ar que respiro, este licor que bebo
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente, reparei
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante às sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.


Lisboa, Agosto de 1913